Do fundo do baú

       Guardei minhas fotos durante muito tempo no fundo do baú. Literalmente um baú, junto a uma lâmpada que fazia a função de desumidificador a que não funcionava 90% do tempo por algum problema de mau contato que nunca consegui decifrar. Guardei tanto (e mal) que perdi muita coisa, principalmente aquelas mais antigas feitas em cromo. Tinha uma sensação de posse: minhas fotos, minhas sensações, minha visão, meus conceitos.
      Guardei tanto que nunca mostrei a ninguém. Comecei a temer que realmente elas nunca mais saíssem do baú. Então com a ajuda desse novo mundo dos blogs resolvi não só mostrar as fotos mas tentar relatar os fatos relacionados a elas.
      Tentarei não me ater ao mundo do indigenismo, apesar de ser o que realmente gosto de mostrar. Também não tenho nenhuma intenção de ser um foro de discussão fotográfico, apesar de ter desperdiçado parte da minha juventude defendendo ou atacando veementemente argumentos sobre papéis, câmeras, químicas e lentes.
      Quero apenas compartilhar estes momentos. E só. Se disso resultar um só amigo novo, já está  bem pago.
      Abç. Ike do Prado.