domingo, 6 de fevereiro de 2011

Turista do caos

      Nunca fui um turista prevenido. Admiro profundamente as pessoas que conseguem se organizar de forma infinita, sabendo com meses de antecedência quando vão tirar férias, para onde irão, o que verão. Os meus prazos são muito mais curtos: só o tempo de tomar a decisão e comprar a passagem.

Lisboa - Portugal


      Não digo isso como vantagem, pois já sofri muito por isso. Por não consultar guias de viagem, já passei ao lado de restaurantes soberbos, museus imperdíveis, tours necessários, praças históricas sem ao menos notá-los, só para saber do  homo organizadus  minutos depois que perdi o passeio da minha vida.
      Porém levo a vantagem de não sofrer por antecedência. Não sei, por exemplo, se o hotel que encontrei por indicação do taxista é o melhor custo-benefício ou se simplesmente simpatizei com o lobby. Ou se a praia tem a areia mais fina ou a vista mais chique. Vivo aquela realidade e pronto, sem existências paralelas.



      Optei pelo turismo caótico: vou para onde vou. Se não deu para ir pra lá, também não sei exatamente o que tem lá e não tem problema. Em uma ocasião fui de mochila e tudo à rodoviária de São Paulo decidido a ir o mais longe possível. Diálogo: - Qual o ônibus que vai mais longe e sai agora? -Recife, mas geralmente tem que comprar muito antes. - Sei... e pro sul, sei lá, tem algum? -Tem um ônibus que vai pro Chile e sai agora. E tá vazio. -Precisa algum documento especial? -Não, só identidade. -Beleza, manda aí.
    
    

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